Bootstrapping: Como manter sua startup sem investimentos externos

Bootstrapping: Como manter sua startup sem investimentos externos

Dentre os grandes desafios para se começar um negócio, e são muitos, o financiamento é um dos maiores.

Normalmente, cada etapa de um projeto consome valores monetários distintos e é praticamente impossível começar um projeto sem um valor razoável de dinheiro.

Desde a concepção da ideia, validação, desenvolvimento e entrada no mercado, todas essas etapas exigem esforços financeiros.

É aí que você, então, me pergunta: se eu não tenho um investidor, eu consigo tirar o meu projeto do papel?

Consegue! E é justamente sobre isso que se trata este texto.

Falaremos sobre bootstrapping!



O que é o Bootstrapping?

O termo bootstrapping em português significa “alça de botas” e o significado dessa expressão advém de uma metáfora que dizia “puxar-se para cima com suas próprias alças de botas” como sendo algo impossível.

Contudo, a expressão se desenvolveu a partir do início do século 20, como uma metáfora para “processos autossustentáveis que funcionam sem ajuda externa. ”

Hoje, no mundo dos negócios, o termo refere-se à:

O ato de iniciar uma empresa sem investimento externo, ou seja, usando os seus próprios recursos e preferencialmente pouco dinheiro.

A principal vantagem de se começar uma empresa nesse modelo é que, obviamente, você não abre mão de uma parte da sua empresa, evitando assim que você dilua seu possível lucro.

Sem falar que, nesses casos, você não responde a um sócio ou conselho – você é seu próprio chefe, e isso lhe permite tomar decisões ágeis e, muitas vezes, fugir de burocracias que surgem com a inclusão de novas pessoas em seu processo.

A liberdade é algo muito almejado por empreendedores, e ao abrir sua empresa para investimentos, o empreendedor acaba comprometendo-se com o investidor.

Veja bem, para alguns formatos de projetos é imprescindível a presença de um investidor, para que a ideia seja desenvolvida e saia do papel.

Contudo, existe uma tendência no meio das startups de procurar investimento sem que antes a empresa esteja pronta para isso. É possível perceber as implicações dessa tendência em 2 fatores principais:

  1. Com pouco embasamento e validação de mercado, a empresa acaba não apresentando grandes vantagens aos olhos do investidor.
  2. Um investimento grande logo no início acaba diluindo muito o valor de ação do empreendedor e ele acaba perdendo o poder de decisão dentro de sua empresa, além de perder também em termos de lucro.

Portanto, caro empreendedor, tenha calma antes de tomar uma decisão sobre investimentos. Entenda melhor o seu produto e mercado, e organize a sua estrutura corporativa antes de tentar levantar investimentos.

Uma empresa com um norte bem direcionado atrairá muito mais a atenção de um investidor do que apenas uma brilhante ideia que foi pouco trabalhada.

Lembre-se, ninguém está te fazendo um favor investindo em você. Amigos, amigos, negócios à parte!

Bootstrapping e a sua empresa

Mas afinal, como começar um projeto com pouco capital?

Basicamente, existem dois tipos clássicos de métodos de bootstrapping:

Double Journey – Manter o atual emprego e trabalhar paralelamente no seu projeto. É uma boa saída para quem não acha prudente abandonar tudo de uma vez só, porém consome muitos “recursos humanos”. A vida pessoal sofre.

Stocking – Criar uma reserva financeira, em geral guardando dinheiro do seu salário. Quando sua reserva atinge um valor que considera seguro para iniciar seu negócio, pedir demissão e startar definitivamente o projeto.

Tenho certeza que você deve conhecer pessoas que exploraram essas duas tentativas, ou até mesmo outros exemplos onde o empreendedor conseguiu um empréstimo e resolveu arriscar.

Independentemente da maneira que o capital inicial foi angariado, uma coisa é certa para qualquer bootstrapper: A grana é curta e deve-se gerenciar esse dinheiro com muita cautela.

A desvantagem do bootstrap é que o empreendedor acaba sendo menos suscetível a erro. Existe uma pressão maior sobre a decisão e errar acaba tornando-se muito custoso, ao ponto de colocar a iniciativa em risco.

Mas existem medidas que podem ser tomadas para que a sua empresa supere os desafios implicados pelo bootstrap. Estruturar e organizar um processo comercial eficiente é o primeiro deles.

Além do processo comercial, existem algumas outras dicas que eu separei para você começar o seu projeto com baixo custo.

Se é sua intenção começar a sua startup sem investimentos externos, afim de não diluir seu lucro futuro ou por qualquer outra razão, dê uma boa lida nos itens abaixo!

Dicas para fazer Bootstrapping 

Você está construindo seu negócio com seu próprio dinheiro, o que significa que você detém o controle da situação, não um investidor.

Contudo, temos que admitir que bootstrapping é difícil, especialmente quando a situação é de total investimento pessoal – botar todo e cada centavo no projeto ao invés de botá-lo no seu bolso.

Mas se você ainda não quer pegar um grande empréstimo ou pedir uma boa quantia para aquele parente próximo, dá só uma olhada no que você pode fazer.

No começo, use o WordPress com um tema barato para seu site

Desenvolvimento de sites e páginas podem ser bastante custosos, especialmente se você contrata uma agência ou especialistas.

Começar usando ferramentas mais simples, porém eficazes, é uma ótima prática para economizar. Ainda mais no começo de um novo negócio. Portanto, simplifique um pouco as coisas!

O WordPress é gratuito, além de ser o melhor CMS, e pode ser facilmente adaptado às suas necessidades.

Procure um espaço de Coworking ou divida um office

São nas pequenas economias que é possível garantir um investimento futuro. Todo e qualquer, quando bem analisado é claro, corte de custos é interessante para um bootstrapper.

Sabemos que a locação de uma sala pode ser bem caro, o que acaba por aumentar bastante os custos fixos de operação da sua empresa. Portanto, procure alternativas para essa solução!

Espaços de coworking, dividir uma sala maior com uma outra empresa na mesma situação e até mesmo o home office podem ser boas soluções no curto/médio prazo.

Não contrate serviços que não são ESSENCIAIS para a sua existência

Esse conselho pode soar bastante óbvio mas acredite, o óbvio precisa ser dito.

Pense duas vezes antes de contratar serviços que, apesar de interessantes, não resolvam uma dor latente sua nesse momento.

Se o serviço não consegue te retornar no curto/médio prazo, pense em prolongar a contratação deste.

Nesse momento inicial é muito importante ter foco e planejar cada passo a ser dado. Isso implica em ser mais eficiente, evitando transferir para outros serviços o que pode ser feito dentro de casa.

Processo Comercial enxuto

Sabemos que para ganhar tração no curto prazo, a estratégia de outbound acaba se sobrepondo sobre a estratégia inbound.

Uma das principais características da prospecção ativa é o ROI no curto prazo. Com uma equipe de outbound rodando de maneira bem enxuta, já é possível verificar alguns ótimos resultados.

Amigo, ROI no curto prazo soa como uma linda melodia para quem está fazendo bootstrapping!

Como um processo bem desenhado pode ajudar empresas nesse cenário?

Um processo de vendas segmentado em um time de hunters e closers consegue otimizar a equipe de vendas de uma empresa enxuta.

Essa passagem de bastão ao longo de uma negociação acaba gerando um fluxo de oportunidades constante. O hunter entra em conexão com leads e os qualifica, passando para o closer encaminhar a negociação e fechar a conta.

Esse desenho acaba por fazer com que as duas atribuições trabalhem de maneira constante nas suas frentes.

A constância do processo vem justamente do fato que o hunter vai continuar entrando em conexão e qualificando leads e enquanto o closer ficará focado apenas em botar novos clientes para dentro.

Essa simples divisão acaba tornando o processo muito mais eficiente. Antes, o vendedor era responsável pelas duas pontas, qualificação e fechamento.

Contudo, ao passo que o vendedor ia gerando algumas oportunidades, ele ia focando as suas atividades no fechamento, parando de entrar em contato com novos leads.

Dessa forma, simplesmente não há constância. O vendedor acaba fazendo todas as etapas, tornando-se o próprio gargalo no processo.

Quando encontro alguém nessa situação, costumo dizer:

Então você está batendo escanteio e correndo para cabecear, não é mesmo?

Logo, se você está iniciando a sua empresa com investimento próprio, gerenciar o processo comercial de maneira enxuta e eficaz é essencial para que você possa ganhar tração e alcançar o break-even o mais rápido possível.

Você deve estar me perguntando:

Mas como vou formar uma equipe de marketing e vendas com pouco investimento?

Não é impossível! Te digo que é possível sim! Dá só uma olhada nesse artigo.

Conclusão

Espero que você tenha aprendido um pouco sobre bootstrapping e como você pode tirar a sua ideia do papel com pouco investimento.

Trabalhar de maneira enxuta, com limites de gastos, costuma ser o começo de grandes empresas!

Sabemos que empreender é um desafio. Bootstrapping então torna as coisas mais difíceis ainda. Costuma demorar no mínimo o dobro do tempo para se lançar uma startup dessa forma.

Portanto, acaba não sendo uma boa opção se você procura rampar rapidamente, normalmente para garantir tração em um oceano azul.

Para mercados muito dinâmicos, não vale a pena aguardar demais e deve-se buscar capital de risco para ser um first-mover; em outros casos, o empreendedor pode não ter condições financeiras de se auto-alavancar.

De qualquer maneira, bootstrapping é algo que sempre deve ser considerado em caso de uma startup.

Afinal, se você acredita no seu projeto, mãos à massa!

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